Clau
está ansiosa para chegar à tarde. Hoje será o grande culto das jovens que
querem se casar um dia, ela já tem 26 anos e não namora, mas sonha com o tal
dia.
-
Mãe, está tudo arrumado? Meu cabeleireiro foi confirmado? E a manicure? Quero
ficar linda, afinal Rayni é muito sábia e famosa, não quero chegar lá de
qualquer jeito.
-
Calma Clau, eu conheço muito bem a filha que tenho, já está tudo certo para
logo mais.
-
Mãe, e o vestido? A senhora sabe que gosto de usar tubinho, nem pensar em
outro!
A mãe
de Clau olha para a filha com um olhar de "ah coitada" balança a
cabeça e continua seus afazeres. Passa umas horas.
-
Mãe, já está na hora de me arrumar.
- Vai
então, querida, tome seu banho e arrume-se.
-
Pronto. Estou indo mãe. Pede o pai para me pegar lá, hein?! Sua bênção.
-
Pode deixar, filha. Deus te abençoe.
Clau
chega no clube onde o culto vai ocorrer, senta-se, com aquele vestidinho
parecendo uns dois números menores que ela, cruza as pernas e espera começar. O
ginásio está lotado, a palestrante, Rayni, é muito famosa e logo dá início à
reunião, dizendo:
-
Minhas lindas aqui presentes, boa tarde!
Clau
pensa que o "boa tarde" de Rayni é direcionado para si e grita:
-Boa
tarde!
Rayni,
assustada com o grito da moça, solta:
-
Querida, assim você não consegue nem um sapo, quanto mais um príncipe!
O
chão abre para Clau, que aguardou com tanto entusiasmo aquele momento. E como
se não bastasse,
a
palestrante diz a primeira regra para não conseguir qualquer homem para se
casar:
-
Moças lindas, começo com a roupa, uma moça que quer casar-se com um bom
partido, não pode em hipótese alguma, usar vestidos curtos e justos demais. Que
homem vai querer uma mulher que sai por aí mostrando o corpo?
Clau
ainda envergonhada pelo que aconteceu anteriormente, agora chora horrores.
Pensa em um monólogo:
- Não
acredito! Minha vida toda esperando nem que seja um "sapo" para
namorar e agora fico sabendo que além de escandalosa sou vulgar. Por isso estou
só. Não aguento mais, chega!
Clau
levanta-se, telefona para o pai que imediatamente vai buscá-la. Seu mundo está
destruído, a tal Rayni lançou uma bomba atômica nele.
-
Filha o que houve?
-
Pai, cansei de ser o que não sou, nenhum homem vai me querer assim. Vou ser
freira.
Há
silêncio no carro e o mesmo continua em casa .Os pais discutem no quarto, não
se sabe o quê, mas depois todos dormem. No dia seguinte, a surpresa! Clau, de
malas nas mãos, despede-se de seus pais, que a essa altura não entendem nada e
ficam inertes à cena. A buzina chama, é o táxi que Clau havia chamado.
-
Pai, mãe, estou indo para o convento. Não tentem me impedir, será em vão. Está
tudo certo. Quando puderem visitem-me. Sua bênção.
Clau
sai, entra no táxi e vai rumo a um lugar que jamais pensara em ficar, o
convento.