quarta-feira, 27 de junho de 2012

O Tubinho e o Convento


Clau está ansiosa para chegar à tarde. Hoje será o grande culto das jovens que querem se casar um dia, ela já tem 26 anos e não namora, mas sonha com o tal dia.

- Mãe, está tudo arrumado? Meu cabeleireiro foi confirmado? E a manicure? Quero ficar linda, afinal Rayni é muito sábia e famosa, não quero chegar lá de qualquer jeito.

- Calma Clau, eu conheço muito bem a filha que tenho, já está tudo certo para logo mais.

- Mãe, e o vestido? A senhora sabe que gosto de usar tubinho, nem pensar em outro!

A mãe de Clau olha para a filha com um olhar de "ah coitada" balança a cabeça e continua seus afazeres. Passa umas horas.

- Mãe, já está na hora de me arrumar.

- Vai então, querida, tome seu banho e arrume-se.

- Pronto. Estou indo mãe. Pede o pai para me pegar lá, hein?! Sua bênção.

- Pode deixar, filha. Deus te abençoe.

Clau chega no clube onde o culto vai ocorrer, senta-se, com aquele vestidinho parecendo uns dois números menores que ela, cruza as pernas e espera começar. O ginásio está lotado, a palestrante, Rayni, é muito famosa e logo dá início à reunião, dizendo:

- Minhas lindas aqui presentes, boa tarde!

Clau pensa que o "boa tarde" de Rayni é direcionado para si e grita:

-Boa tarde!

Rayni, assustada com o grito da moça, solta:

- Querida, assim você não consegue nem um sapo, quanto mais um príncipe!

O chão abre para Clau, que aguardou com tanto entusiasmo aquele momento. E como se não bastasse,
a palestrante diz a primeira regra para não conseguir qualquer homem para se casar:

- Moças lindas, começo com a roupa, uma moça que quer casar-se com um bom partido, não pode em hipótese alguma, usar vestidos curtos e justos demais. Que homem vai querer uma mulher que sai por aí mostrando o corpo?

Clau ainda envergonhada pelo que aconteceu anteriormente, agora chora horrores. Pensa em um monólogo:

- Não acredito! Minha vida toda esperando nem que seja um "sapo" para namorar e agora fico sabendo que além de escandalosa sou vulgar. Por isso estou só. Não aguento mais, chega!

Clau levanta-se, telefona para o pai que imediatamente vai buscá-la. Seu mundo está destruído, a tal Rayni lançou uma bomba atômica nele.

- Filha o que houve?

- Pai, cansei de ser o que não sou, nenhum homem vai me querer assim. Vou ser freira.

Há silêncio no carro e o mesmo continua em casa .Os pais discutem no quarto, não se sabe o quê, mas depois todos dormem. No dia seguinte, a surpresa! Clau, de malas nas mãos, despede-se de seus pais, que a essa altura não entendem nada e ficam inertes à cena. A buzina chama, é o táxi que Clau havia chamado.

- Pai, mãe, estou indo para o convento. Não tentem me impedir, será em vão. Está tudo certo. Quando puderem visitem-me. Sua bênção.

Clau sai, entra no táxi e vai rumo a um lugar que jamais pensara em ficar, o convento.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Meus primeiros empregos na adolescência



Minha menstruação, como normalmente ocorre, iniciou aos 12 anos de idade e com ela minha maturidade também. Aos 13 anos já havia tentado trabalhar como doméstica – que caos! Fiquei um mês na casa de três idosos, e nunca mais quis saber de ser mandada, pois a dona da casa, uma senhora de aproximadamente 85 anos de idade, ficava no meu pé, implicava com tudo o que eu fazia, inclusive quando não tinha motivo e assim me humilhava. Mas ter o gostinho do dinheiro na mão foi muito bom! Tanto que aos 14 anos entrei para uma fábrica têxtil, mas para minha decepção, a encarregada não ia com a minha cara. Perseguição? Talvez, pois eu sempre fui muito comunicativa e esperta. Mas em um certo dia, machuquei meu dedo na  máquina de overloque, pensei que seria atendida pelo médico ou que, no mínimo, fosse mandada embora para casa para tomar as devidas providências – que nada! A encarregada mandou que eu “desse produção”, pois estava muito lerda. A minha revolta foi tão grande que peguei uma peça e costurei tanto, mas tanto no fecho que rasgou o local – daí nem preciso dizer que a encarregada levou uma bronca daquelas e eu fui dispensada sem ter completado os 3 meses de experiência na fábrica. Mas não desisti de trabalhar, fui ser secretária em um escritório de advocacia e imobiliária, onde permaneci  por 8 meses; com  falecimento de minha patroa, fiquei novamente desempregada. Já com uma determinada experiência, consegui emprego em um consultório médico, também como secretária, só que agora de 13 médicos! Imagina ser comandada por 13 pessoas? Mas permaneci no consultório por 2 anos, só saindo mesmo por me casar e a contratante, por isso, ter me dispensado, apesar do mesmo ter sido fechado logo após minha saída.

Primeiro Amor



Depois que me transformei em uma moça, aos treze anos de idade com a visita mensal do “seu Chico”, foi que tomei consciência, mesmo inconsciente, da vida. Com o desabrochar dos sentidos sexuais, do próprio instinto, vi-me envolvida emocionalmente por um rapaz, que nem tinha conhecimento de minha existência. Mas em todos os lugares em que eu o via, meu corpo ficava inerte, salvo o coração que parecia querer sair pela boca. Geralmente, eu o encontrava nos cultos especiais que freqüentávamos na época.  Apesar de sermos evangélicos, cada um era de uma igreja diferente. Mas quando o via, era como se estivesse frente a frente com a minha própria vida.
Aqueles olhos verdes, sintonizando com o sorriso nos lábios, formavam um conjunto que abalava minha estrutura, deixavam-me sem raciocínio. Ai... E aquelas curvas nas pernas? Aquelas pernas!!! Lúcio, não era um homem monumental, mas era o meu tipo de homem: magro, razoavelmente alto, loiro com a pele branquinha, rosto fino e charmoso. Tinha seis anos a mais do que eu, era experiente!
Aos dezessete anos, meu sonho realizou-se. Uma amiga contou para Lúcio o meu segredo: a minha antiga paixão por ele. E pasmem... Ele me pediu em namoro junto a meu pai! Claro que aceitei. E todo o domingo, ao terminar o culto, lá estava ele enfrente à igreja esperando-me. Era tão bom! Era um amor puro, sem malícias, sem cobranças, com muito respeito.
Com o passar do tempo, fui percebendo que nossas carícias estavam ficando intensas, mas que ao mesmo tempo, ele estava afastando-se de mim. Percebi que Lúcio havia “se cansado”, e cada vez que chegava perto dele sua fisionomia mudava e, consequentemente, meu coração doía. E como doía, parecia que o estavam amassando... (nesse momento correm as lágrimas – desculpem, emocionei-me) eu o amava!
Em certa noite, sob o espetáculo lunar, saímos do culto como sempre fazíamos de mãos dadas, e no trajeto em direção à minha casa, resolvi por um ponto final naquela história que estava virando um pesadelo para mim. Nesse período já estávamos namorando há três meses, eu havia emagrecido bem (apesar de sempre ter sido magra), estava, literalmente, arrancando os cabelos por ansiedade. Entrei em uma crise emocional a ponto de ver vultos onde não existiam. Estava definhando! Tomei a decisão certa! Foi uma conversa adulta e madura, disse para ele que via em seu olhar que não gostava de mim, que seu sentimento se resumia a pena. Lúcio olhou-me espantado, pois sabia o quanto o amava. Minhas palavras foram precisas:
- “Não vou prendê-lo só porque o amo. Quero vê-lo feliz mesmo que para isso tenha que abrir mão de você!”
Lúcio, ainda estarrecido, perguntou-me se eu tinha certeza do que estava falando. Era como se quisesse ficar preso a mim, mesmo diante de tudo. Mas, não me entreguei ao sentimento de pena dele, continuei firme em minha decisão. Foi quando Lúcio aproximou-se de mim, deu-me um beijo na testa, virou-se e nunca mais o vi (parece cena de novela, mas foi real).
Daquele dia em diante, entrei em depressão e nunca mais amei.



quinta-feira, 21 de junho de 2012

A visita do seu chico - 1º menstruação


Quando Tudo Começou


Em uma manhã nublada e fria, acordei com uma dor muito forte no abdômen, seguida de tontura, mesmo assim refresquei meu corpo com um banho. Ao terminar, vesti-me, aprontei-me para o colégio e ao sair do banheiro, lembro-me que tudo ficou claro demais. Não enxergava nada! Quando recobrei minha consciência, estava esticada no chão do banheiro com uma sensação de calor extremo, gemia tanto chamando por minha mãe, que ao chegar levantou-me colocando uma pitadinha de sal em minha boca (segundo os antigos é para levantar a pressão cardíaca). Ao restabelecer-me, minha mãe disse que deveria ser a tal “regra” a responsável pela queda de minha pressão, acrescentando: - Agora você é uma mocinha! Todo mês vai receber a visita do “seu Chico”. Em outras palavras, fiquei menstruada! Parece hilário, mas a partir desse dia minha vida mudou completamente. Eu só tinha 12 aninhos e a responsabilidade que adquiri naquele dia para cuidar desse monumento (meu corpo) parecia gigante perto de mim. Mas foi um dia em que me senti mulher perto das "menininhas" do colégio.